quinta-feira, 7 de abril de 2011

Yerma IX - Acto segundo, cuadro primero


O Coro da Lavadeiras
Elemento da tragédia, o coro funciona como um narrador, com suas múltiplas possibilidades funcionais. No primeiro quadro do segundo ato de Yerma estamos diante da onisciência narrativa na forma de "voz do povo". Todo o drama que vive Yerma é do conhecimento do povo do lugar e nos é transmitido pela canto da lavadeiras. Nem sempre efetivamente cantado, diga-se, mas com a mesma função de nos dar conta de tudo que se passa: do que é de conhecimento de Yerma e também do que não é. Muitos juízos de valor são emitidos com a autoridade que tem "a voz do povo", até porque 'falar não é pecado', em que pese a maledicência solta como a água descendo a serra.
a) Juan levou suas duas irmãs para morar com ele e Yerma na mesma casa;
b) Essas cunhadas são flores de cemitério, dão medo;
c) Yerma gosta de ficar na rua porque lhe custa permanecer em casa;
d) Yerma se comporta como os homens;
c) A culpa por não ter filhos não é de Yerma;
d) Mulheres como Yerma não querem ter o corpo deformado pela gravidez;
e) Yerma se enfeita para procurar outro homem, que não é seu marido;
f) Yerma foi vista duas vezes com outro homem;
g) Yerma olha para as pernas desse outro homem;
h) Quando Yerma não o olha pessoalmente, tem sua imagem fixada nos olhos;
i) Juan está surdo, parado como um lagarto ao sol;
j) Nada disso teria importância se tivessem filhos, Yerma e Juan;
k) Isso acontece com gente que não se conforma com seu destino;
l) A casa de Juan está prestes a explodir;
m) De Juan é a culpa: não se podendo dar filhos é preciso cuidar da mulher;
n) A culpa é de Yerma, porque é dura como o sílex;
o) O simples soar do nome "VICTOR" desperta a atenção das cunhadas;
p) Ai da casada seca;
q) É preciso juntar flor com flor no verão (tempo da seca);
r) É preciso gemer; é preciso cantar;
s) É preciso agradecer o homem que traz pão e flor;
t) A submissão é fonte da fecundidade;
u) Que a casada seca volte a brilhar; que cante; que volte a cantar;

Nenhum comentário:

Postar um comentário