domingo, 15 de maio de 2011

Frankenstein XII - Capítulo 4


 
Frankenstein
Mary Shelley
L&PM, 2010

Capítulo 4
 
O Dr. Victor enlouqueceu de vez. Está convencido de que descobriu como dar vida a seres já mortos. Claro que não vai nos contar segredo tão fabuloso mas se empenha de forma absoluta à tarefa de produzir um ser humano a partir de fragmentos de cadáveres. O narrador conversa com seu ouvinte (aquele viajante também desmiolado que começou a nos contar esta estória), como se conversasse com o leitor virtual ou com o leitor real. Isso acontece claramente em duas oportunidades, insinuando agudezas de focalização no texto de Shelley. Victor Frankenstein, homem de ciência e de cultura, certamente conheceu Prometeu, o que aparece em capítulos anteriores e neste, especificamente, quando afirma que considerou que sua experiência poderia não resultar em bom termo: "minha obra podia sair imperfeita". Acontece que a perfeição é obra de artista. Ou, se fosse o caso de dizer, de Deus. Para o caso menor dos humanos, a imperfeição é a regra, vale dizer: a certeza. O espelho já nasce quebrado? Narciso, Prometeu ou Quimera... O Dr. Victor se sentia como se fosse um criminoso. E não era pelo fato de profanar túmulos, roubar ossos de ossários... Não era por isso. Vê-se que estamos muito presos ao plano da história, mas vamos marcar um encontro com a dissecação, ou, melhor dizendo (não, dizendo do mesmo jeito, mas evitando trocadilhos baratos), vamos analisar um pouco dos aspectos do discurso.

Imagem: Google images (Arlequin e Polichinella, Picasso)

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