quarta-feira, 4 de maio de 2011

Nietzsche e a tragédia 1


O Nascimento da tragédia
Friedrich Nietzsche
Cia. das Letras, 1992

"A tragédia grega sucumbiu de maneira diversa da de todas as outras espécies de arte, suas irmãs mais velhas: morreu por suicídio, em consequência de um conflito insolúvel, portanto tragicamente, ao passo que todas as outras expiraram em idade avançada, com a mais bela e tranquila morte. Se de fato corresponde a um feliz estado natural separar-se da vida com uma bela descendência e sem qualquer espasmo, então o fim daquelas espécies de arte mais antigas nos mostra semelhante estado natural feliz: elas afundaram lentamente e diante de seus olhares moribundos já se erguem os seus mais belos renovos, que alçam a cabeça com breves gestos de impaciência. Com a morte da tragédia grega, ao contrário, surgiu um vazio enorme, por toda parte profundamente sentido; tal como certa vez aconteceu com marujos gregos, no tempo de Tibério, que ouviram em uma ilha solitária o brado consternador: "O grande Pã está morto!", também ressoava agora como um doloroso lamento através do mundo helênico: "A tragédia está morta!". Com ela perdeu-se a própria poesia! Fora, fora, idevos, raquíticos e definhados epígonos! Ide para o Hades, para que lá possais saciar-vos ao menos com as migalhas dos antigos mestres!" (p.72-73).

Imagem: Google images.

Nenhum comentário:

Postar um comentário