quarta-feira, 13 de julho de 2011

Deslocamentos e sanduíches


Quando me mudei, mudei esquisito. No estalo estampido de bala, no cortante da luz da faca. Um segundo e tudo se foi e veio comigo junto no leito do rio manso, com pedras no caminho. Horizontes, horizontes... Minas é no alto, subidas montanhas. Anotei aqui o que trazia e o de maior importância eram os fragmentos de amor guardado. Pedacinhos... De dores. Pedacinhos de dores enormes. Vou agora juntando coisas, outras coisas, num silêncio que insiste em mandar. Não discuto, procuro estudar e seguir ouvindo todas as vozes de todos os tempos e lugares. A minha mesmo praticamente ninguém ouve, porque aceito ainda o mandonismo do silêncio autoritário da minha gente de Minas. Vivo eu e minhas sombras. Hoje, cumprindo um compromisso, uma amiga me presenteou com uma sanduicheira, que, segundo me declarou, inspirada na sua própria experiência nesses casos, faz parte da mochila da sobrevivência. Movimento que comove e me que me levou a preparar dois sanduíches agora mesmo, com gosto de jantar em Palácio. Horizontes e Minas Gerais nas alturas. O vento canta alto, canta forte nas montanhas que me habitam.

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