domingo, 10 de julho de 2011

"É doido, coitado!"


"Mas as coisas mudaram. De repente, Mário começou na estudar. Estudava música durante até nove horas por dia, e não se descuidaca das matérias intelectuais. Lia tudo que lhe caía nas mãos, sua inteligência desordenada ia-se disciplinando, e logo começou a adquirir fama de erudito. A família agora reconhecia-lhe o talento - mas continuava achandoesquisitas suas preferências literárias. E ele não deixava de cultivar as esquisitices, com o prazer malicioso de ser considerado um ser à parte, que tinha direito de infringir a rotina familiar. 'É doido, coitado!' - diziam os parentes. E apoiado nessa complacência que todos têm com os 'doidos da família', o escritor ia adquirindo sua liberdade, afastando-se das convenções". João Luiz Lafetá, Mário de Andrade, o arlequim estudioso, em A dimensão da noite, p.215.

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