sexta-feira, 6 de julho de 2012

Às margens do Rio I




ÚLTIMA VIAGEM

Em memória de meus pais

dois barcos desceram o rio
águas azuis
viraram pedras
lapidadas
peixes e plantas
viraram contas
de um conto
que já não volta

dois barcos partiram
em definitivo
para além do rio encantado

jogaram cristais lilases
nos buritis da margem

IVAN PASSOS BANDEIRA DA MOTA

2 comentários:

  1. É hora de partir, meus irmãos, minhas irmãs
    Eu já devolvi as chaves da minha porta
    E desisto de qualquer direito à minha casa.
    Fomos vizinhos durante muito tempo
    E recebi mais do que pude dar.
    Agora vai raiando o dia
    E a lâmpada que iluminava o meu canto escuro
    Apagou-se.
    Veio a intimação e estou pronto para a minha jornada.
    Não indaguem sobre o que levo comigo.
    Sigo de mãos vazias e o coração confiante.
    Rabindranath Tagore


    (os meses 6 e 7 são para mim cheios de saudades dos meus pais que ja fizeram a travessia)

    me emocionei....

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    1. Ô, Margoh, sinto tanto... Espero que sejam saudades de coisas boas. Tenho certeza que são.
      Abraços e obrigado pelas palavras de Tagore, sempre inspiradas.
      Gilson.

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